GESNERIACEAE

Sinningia helleri Nees

CR

EOO:

38,462 Km2

AOO:

12,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Endêmica do estado do Rio de Janeiro (BFG, 2015). A espécie ocorre no município de Miguel Pereira, APA Guandú (M.S.Wängler 1612). Espécie encontrada nas expedições da “Campanha Procura-se” (C. Baez 331).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Marta Moraes
Revisor: Rodrigo Amaro
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv,v);C1
Categoria: CR
Justificativa:

Erva rupícola endêmica do estado do Rio de Janeiro, com ocorrência em Floresta Ombrófila (BFG, 2015), a espécie apresenta EOO=33 km², AOO=12 km² e uma situação de ameaça. Foram identificadas três subpopulações, com um total de cerca de 250 indivíduos. Desenvolve-se em áreas declivosas, diretamente sobre Afloramentos Rochosos ou de solo bastante raso, em áreas sombreadas, úmidas, sobre ou próxima a rochas. Além de apresentar especificidade de hábitat, em uma dessas áreas os indivíduos estão muito próximo à linha do trem (cerca de 50 m) e, nas outras, foi registrada a presença de gado (Baez e Moraes, com. pess.). No município de Miguel Pereira, a Mata Atlântica encontra-se reduzida a 31% da sua área original (SOS Mata Atlântica, INPE, 2014). Há nesse município o predomínio de matriz de pastagem onde estão imersos fragmentos de vegetação secundária e poucos remanescentes florestais (SEA, Inea, 2011), já bastante fragmentados. Embora esteja presente em Unidade de Conservação, na APA Guandu está sendo realizada uma obra, com a retirada de trilhos da antiga estrada de ferro e alargamento do leito para a implantação de uma área de recreação. Nesse caso, a espécie vistosa, com potencial ornamental, também está sujeita à coleta. Com base nessas ameaças de alta severidade à espécie, conhecida apenas pela presença neste local, considera-se um declínio contínuo projetado de EOO, AOO, qualidade do hábitat, número de subpopulações e de indivíduos maduros, caso medidas de conservação não venham a ser tomadas.

Último avistamento: 2016
Quantidade de locations: 1
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Bot. Reg. 12: t. 997. 1826

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: As espécies do gênero Sinningia são populares entre cultivadores por possuírem um pequeno porte e a habilidade de crescer em terrários (Chautems et al., 2010).

População:

Tamanho: circa • 30
Número de subpopulações: absolute • 1
Número de indivíduos na maior subpopulação: circa • 30
Redução populacional: circa • 30
Detalhes: A espécie se manteve em cultivo, provavelmente da única introdução na Europa em torno de 1820, na volta dos viajantes da expedição austríaca no Brasil. Ela foi cultivada em vários jardins botânicos, pelas exsicatas que foram preparadas em G, LE, P, W, e Z. A ultima menção da planta em cultivo foi em 1907 numa foto de uma revista de horticultura na Inglaterra, depois sumiu. O Mauro Peixoto tem conseguindo propagar agora por sementes e já floresceu (A. Chautems com. pess.). Os dados e informações sobre a espécie eram escassos, conhecida por apenas duas coletas que datavam em mais de um século. Fomos informados que a espécie havia sido recoletada no município de Miguel Pereira, em abril de 2015 e que, a priori, se tinha conhecimento de apenas alguns indivíduos em uma única localidade, a qual apresentava um histórico contínuo de impactos por ações antrópicas. A localidade original da espécie (Área 1) foi bastante impactada nos últimos meses de 2015, entretanto, foi registrado um pequeno cercado no local, erguido para isolar e proteger os indivíduos que ali ainda perduram, entretanto, a eficácia de tal medida é praticamente nula, devido a fragilidade da cerca, constituída de madeira e arame e em função do hábito rupícola da espécie, que se encontra em um paredão rochoso no qual não haveria pisoteio de gado. Foi visitado mais um fragmento (Área 2) próximo à localidade original da espécie, onde aproximadamente 15 indivíduos foram encontrados. Foi registrada a presença de gado nesta área. A área 3 consistia em um trecho de aproximadamente 400 metros, distando aproximadamente 7 km da Área 1, em uma mata de galeria seguindo o curso de um riacho contribuinte do Rio Santana, no interior de uma propriedade particular utilizada para atividades pecuárias. Nesse trecho foi encontrada uma quantidade substancial de indivíduos (em torno de 200 indivíduos), onde foi possível verificar com mais precisão o habitat ocupado pela espécie, que ocorre apenas em áreas declivosas, diretamente sobre afloramentos rochosos ou de solo bastante raso. Embora tenha sido encontrado um número de indivíduos maior que o esperado, a espécie continua em uma situação muito delicada, uma vez que todos indivíduos de sua população global são atualmente conhecidos apenas para a região do município de Miguel Pereira. Além disso a espécie apresenta especificidade de habitat, ocorrendo em áreas sombreadas, úmidas, sobre ou próxima a rochas, ressaltando a necessidade de se proteger os remanescentes de Mata Atlântica da região que se encontram bastante fragmentados. É crucial desenvolver um plano para a preservação da espécie, porém, a região precisa ser melhor amostrada para que o tamanho da população da espécie e a área ocupada pela mesma sejam melhor compreendidos. Em novembro 2016 a área de ocorrência (Área I) foi visitada por A. Chautems que enviou o seguinte relato: "Pudemos observar algumas dezenas de indivíduos, não contei, mas avalio a uns 30-40, em estados diversos de regeneração. Tinha plantas jovens oriundas muito provavelmente de sementes. As plantas se encontravam no final da época de floração e me parece que tinha sinal de formação de frutos novos. Os cálices se mantinham bem coloridos e bem erguidos; pela comparação que pude fazer com as plantas em cultivo na coleção do Mauro, onde as flores não foram polinizadas (a fecundação não ocorre de maneira espontânea e ai os cálices murcharam logo). Acredito então que ainda ocorre polinização natural na área (pelo tamanho e comprimento das flores, apesar de brancas) imagino que poderia se tratar de beija-flor. O Vitor citou ter observado mais 2 populações que ficariam do outro lado do Rio Santana, cujo córrego citado acima é o afluente. Pela proximidade da trilha e os numerosos pastos e os arredores da trilha já desmatados e degradados ao longo do caminho que percorremos a pé, cerca de 1 km depois de ter deixado o carro, esta zona esta sujeita a mais ameaças de degradação."

Ecologia:

Substrato: rupicolous
Forma de vida: herb
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1 Forest
Detalhes: Erva, rupícola, de ocorrência em Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila (BFG, 2015).
Referências:
  1. BFG (The Brazil Flora Group), 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66(4):1085–1113. doi: 10.1590/2175-7860201566411

Reprodução:

Detalhes: Coletada em flor em abril (M.S.Wängler 1612) e dezembro (C. Baez 331).
Fenologia: flowering (Apr~Dec)
Síndrome de polinização: ornitophily
Polinizador: Chautems que enviou relato: "Pudemos observar algumas dezenas de indivíduos, não contei, mas avalio a uns 30-40, em estados diversos de regeneração, tinha plantas jovens oriundas muito provavelmente de sementes. As plantas se encontravam no final da época de floração e me parece que tinha sinal de formação de frutos novos. Os cálices se mantinham bem coloridos e bem erguidos; pela comparação que pude fazer com as plantas em cultivo na coleção do Mauro, onde as flores não foram polinizadas (a fecundação não ocorre de maneira espontânea e ai os cálices murcharam logo). Acredito então que ainda ocorre polinização natural na área (pelo tamanho e comprimento das flores, apesar de brancas) imagino que poderia se tratar de beija-flor (Chautems , com. pess.).

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.1 Species mortality 4.1 Roads & railroads locality,habitat,occupancy,occurrence,mature individuals past,present,future local very high
Na localidade de ocorrência da espécie está sendo feita uma obra férrea, com a retirada de trilhos e alargamento do leito. Esse fato constitui uma ameaça muito preocupante à espécie, que é conhecida apenas pela população desse local (Wangler, com. pess.). Os indivíduos da espécie ocorrem muito próximos à linha do trem (cerca de 50 metros) e, por isso, estão potencialmente comprometidas pela ameaça (Wangler, com. pess.).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present,future regional high
No município de Miguel Pereira, a Mata Atlântica encontra-se reduzida a 31% da sua área original (SOS Mata Atlântica; INPE, 2014). Há nesse município o predomínio de matriz de pastagem onde estão imersos fragmentos de vegetação secundária e poucos remanescentes florestais (SEA; INEA, 2011).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica & Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais [INPE]. 2014. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica período 2012-2013. Relatório técnico. São Paulo, 61p. Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro; Instituto Estadual do Ambinete do Rio de Janeiro. 2011. O estado do ambiente: indicadores ambientais do Rio de Janeiro / Organizadoras: Júlia Bastos e Patrícia Napoleão. – Rio de Janeiro: SEA; INEA, 160 p. : il. ; 29,7 cm.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
Coletada na APA Guandu (C. Baez 331)
Ação Situação
3.4 Ex-situ conservation
O Mauro Peixoto tem conseguindo propagar agora por sementes e já floresceu (A. Chautems com. pess.).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
13. Pets/display animals, horticulture